Das origens ao teatro grego
A origem do teatro grego ou ocidental está ligada aos mitos gregos arcaicos e à religião grega. Para melhor entender a origem deste teatro é necessário conhecer um pouco da mitologia grega porque é daí que ele vai surgir.
Para os gregos, a história da origem do universo e da vida começa com o Caos, a personificação do vazio, anterior à criação, quando os elementos do mundo ainda não haviam sido organizados. No princípio havia apenas quatro seres divinos Caos: Géia (ou Gaia) de amplos seios, é a terra de onde nascem todos os seres; Tártaro que representa o abismo, a outra vida, o mundo subterrâneo, o local mais profundo, nas entranhas da terra e também local dos suplícios e torturas, onde eram lançadas as almas rebeldes; Eros, o mais belo entre os deuses imortais, presente em todas as gerações, pois ele é Amor, fundamento de todas as uniões. Géia gerou um ser capaz de cobri-la inteiramente: Urano, o Céu. Como podemos observar na natureza, o Céu cobre a Terra, numa posição que para os gregos era indicativa de uma relação sexual. Este primeiro casamento divino foi imitado pelos deuses, homens e animais.
Hera |
Zeus |
Perséfone |
Deuses são imortais, portanto Dionísio sendo um deles não morreu. Renasce transformado. Aconteceu, que outra amante de Zeus, Sêmele, filha mortal do rei de Tebas, consegue subtrair dos Titãs o coração de Dionísio que ainda palpitava e engole-o, tornando-se então, grávida do Dionísio transformado.
Zeus se mostrando a Sêmele |
Dionísio |
Aos poucos e ao longo de centenas de anos, as procissões vão se organizando. O que inicialmente era um grupo de pessoas desorganizadas, cantando e dançando à luz de tochas, sacrificando o bode. Com o passar do tempo se transformou em em grandiosas representações que reunia a toda a comunidade, em diferente Khorós (coral ou coro) cantados por participantes vestidos de bodes, os sátiros, e pelas ninfas. O coro se dividia em subcoros que dialogavam entre si e eram conduzidos por um solista chamado de corifeu (o líder do coro) que dialogava com os coreutas (participantes do coro). Girando em volta de Thymele (pedra sacrifical) esse coro invocava, narrava (sempre na terceira pessoa) e celebrava os feitos do deus Dionísio. O ditirambo (canto do bode) era nesses rituais o hino cantado em louvor a Dionísio.
Assim era as Dionisíacas, até que um corifeu de nome Téspis começou a percorrer as cidades com uma carroça que se prestava, às vezes de palco e ao redor da qual se reuniam os espectadores. Em 534 A.C., Téspis resolve encarnar a personagem de Dionísio e transforma a narração feita na 3ª pessoa em discurso proferido na primeira pessoa:
Grossa túnica nos ombros e tosca máscara sobre o rosto, Téspis desceu solene e grave os degraus do altar que improvisava sobre uma carroça. Os cidadãos embriagados pelo vinho e afoitos por novidades, comprimiam-se na praça do velho mercado de Atenas. Inesperadamente afirma: "Eu sou Dionísio, Deus da alegria"!
Um surpreendente sacrilégio. Um homem postando-se como um deus. Houve revolta e medo em alguns. Muitos porém, viam essa postura como um louvor ao Deus do vinho. Foi também o instante em que pela primeira vez, um obscuro e arrogante grego se faz aceitar, pelos atenienses do mercado, como deus de carne e osso: era o nascimento do Teatro.
Posteriormente, Ésquilo introduziu um segundo ator, o Deuteragonista. Mais tarde, Sófoles introduziu o terceiro ator, o Triagonista. Cada ator então, representava vários personagens que dialogavam entre si, fazendo com que este não fosse mais limitado entre o herói e o coro, mas também entre as personagens em cena.
No primeiro volume da Arte Poética, Aristóteles formula as regras básicas para a arte teatral: a peça deve respeitar as unidades de tempo(a trama deve desenvolver-se no período de um dia), de lugar (um só cenário) e de ação (uma só história). Os concursos aconteciam durante três festivais que eram organizados anualmente ao deus Dionísio. Eram eles: 1.As Dionísias Urbanas-celebradas na primavera; 2. Leneanas-tinham um caráter mais local. Celebrava-se no inverno;3.Dionísias Rurais- celebravam-se apenas nos "demos" (povoados) em fins de dezembro. Foram as mais antigas festas de Dionísio.
No final dos concursos dramáticos, realizava-se o julgamento e, em seguida, dava-se o resultado da classificação final. As categorias premiadas eram três: poetas, coregos e protagonistas.