segunda-feira, 25 de março de 2013

Aula - Um pouco da história do teatro

Das origens ao teatro grego


Surgido nas sociedades primitivas como ritual mágico destinado a obter o favor dos Deuses na caça ou na colheita, e logo vinculado ao desenvolvimento das primeiras religiões, o teatro é uma das expressões mais antigas do espírito lúdico da humanidade: em todas as épocas e entre todos os povos existe o desejo de desempenhar temporariamente o papel de outrem, fantasiar-se e falar à maneira dele. Esse "outro" pode ser um deus, o que explica determinadas representações em cultos religiosos. Pode, também, ser alguém que se deseja ridicularizar: é uma das raízes da comédia, não é de se estranhar que as artes cênicas estejam tão profundamente arraigadas no sentimento coletivo popular.
A origem do teatro grego ou ocidental está ligada aos mitos gregos arcaicos e à religião grega. Para melhor entender a origem deste teatro é necessário conhecer um pouco da mitologia grega porque é daí que ele vai surgir.
Para os gregos, a história da origem do universo e da vida começa com o Caos, a personificação do vazio, anterior à criação, quando os elementos do mundo ainda não haviam sido organizados. No princípio havia apenas quatro seres divinos Caos: Géia (ou Gaia) de amplos seios, é a terra de onde nascem todos os seres;   Tártaro que representa o abismo, a outra vida, o mundo subterrâneo, o local mais profundo, nas entranhas da terra e também local dos suplícios e torturas, onde eram lançadas as almas rebeldes; Eros, o mais belo entre os deuses imortais, presente em todas as gerações, pois ele é Amor, fundamento de todas as uniões. Géia gerou um ser capaz de cobri-la inteiramente: Urano, o Céu. Como podemos observar na natureza, o Céu cobre a Terra, numa posição que para os gregos era indicativa de uma relação sexual. Este primeiro casamento divino foi imitado pelos deuses, homens e animais.
Hera
 Da terceira geração divina, descendente de Géia e Urano, vai
Zeus
nascer Zeus, que é divindade suprema, o deus da Luz. Zeus é o rei dos deuses e dos homens. Casado oficialmente com Hera, teve no entanto, inúmeras amantes e filhos "ilegítimos".
Perséfone
Um destes filhos ilegítimos, fruto do amor entre Zeus e Perséfone, nasce Dionísio (conhecido pelos romanos por 'Baco'), o mais querido pelo pai e destinado a sucedê-lo no governo do mundo. Para protegê-lo dos ciúmes de Hera, Zeus designa Apolo, seu guardião e pede que o esconda. Porém Hera, descobre o paradeiro do jovem Dionísio e encomenda sua morte aos Titãs que o esquartejam, cozinham seus pedaços e comem. Zeus enraivecido, fulmina os Titãs e de suas cinzas nascem os homens. Este fato explica o bem e o mal existente nos seres humanos: como surgimos das cinzas dos Titãs, herdamos também seu mal. Mas como os Titãs haviam comido os pedaços de Dionísio, herdamos também o lado bom.
Deuses são imortais, portanto Dionísio sendo um deles não morreu. Renasce transformado.  Aconteceu, que outra amante de Zeus, Sêmele, filha mortal do rei de Tebas, consegue subtrair dos Titãs o coração de Dionísio que ainda palpitava e engole-o, tornando-se então, grávida do Dionísio transformado.




Zeus se mostrando a Sêmele
Hera, no entanto continua vigilante e ao ter conhecimento das relações amorosas de Sêmele com Zeus, resolve eliminá-la. Transforma-se em ama e a persuade pedir a Zeus que se mostre em todo em todo o esplendor de sua majestade. Este, atendendo ao pedido, mostra-se com seus raios e trovões (é importante ressaltar que os deuses nunca se mostravam em sua forma real aos mortais e sim disfarçados). Sêmele morre carbonizada, fulminada pelos raios emitidos por Zeus. O feto, Dionísio, é salvo por Zeus que o retira do ventre da amante e enxerta-o em sua própria coxa até que se complete a gestação normal. Após o nascimento, temendo nova vingança de Hera, Zeus transforma o filho em bode e ele é levado para o monte Nisa, onde fica aos cuidados das Ninfas e dos sátiros. No monte  Dionisa havia uma vasta vegetação de videiras. Quando Dionísio já adolescente, espreme as frutinhas da uva e bebe o suco em companhia dos sátiros e das ninfas é criado o vinho. Embriagados começam a dançar e cantar. Antes de subir ao Olímpio, Dionísio desceu ao Hades para buscar a mãe e a levou consigo.



Dionísio
Como a vida dos Deuses da mitologia grega estava diretamente ligada aos habitantes da Grécia, influenciado até as guerras, nada mais natural do que homenageá-los. Dionísio, deus da uva, do vinho, da embriaguez e da fertilidade, a princípio, era homenageado pelos primitivos habitantes da Grécia, por meio de procissões que procuravam relembrar sua vida. O cortejo era realizado na época da colheita da uva. Os habitantes acreditavam que dessa forma garantiriam sempre uma abundante colheita.
Aos poucos e ao longo de centenas de anos, as procissões vão se organizando. O que inicialmente era um grupo de pessoas desorganizadas, cantando e dançando à luz de tochas, sacrificando o bode. Com o passar do tempo se transformou em  em grandiosas representações que reunia a toda a comunidade, em diferente Khorós (coral ou coro) cantados por participantes vestidos de bodes, os sátiros, e pelas ninfas. O coro se dividia em subcoros que dialogavam entre si e eram conduzidos por um solista chamado de corifeu (o líder do coro) que dialogava com os coreutas (participantes do coro). Girando em volta de Thymele (pedra sacrifical) esse coro invocava, narrava (sempre na terceira pessoa) e celebrava os feitos do deus Dionísio. O ditirambo (canto do bode) era nesses rituais o hino cantado em louvor a Dionísio.
Assim era as Dionisíacas, até que um corifeu de nome Téspis começou a percorrer as cidades com uma carroça que se prestava, às vezes de palco e ao redor da qual se reuniam os espectadores. Em 534 A.C., Téspis resolve encarnar a personagem de Dionísio e transforma a narração feita na 3ª pessoa em discurso proferido na primeira pessoa:
Grossa túnica nos ombros e tosca máscara sobre o rosto, Téspis desceu solene e grave os degraus do altar que improvisava sobre uma carroça. Os cidadãos embriagados pelo vinho e afoitos por novidades, comprimiam-se na praça do velho mercado de Atenas. Inesperadamente afirma: "Eu sou Dionísio, Deus da alegria"!
Um surpreendente sacrilégio. Um homem postando-se como um deus. Houve revolta e medo em alguns. Muitos porém, viam essa postura como um louvor ao Deus do vinho. Foi também o instante em que pela primeira vez, um obscuro e arrogante grego se faz aceitar, pelos atenienses do mercado, como deus de carne e osso: era o nascimento do Teatro.
Posteriormente, Ésquilo introduziu um segundo ator, o Deuteragonista. Mais tarde, Sófoles introduziu o terceiro ator, o Triagonista. Cada ator então, representava vários personagens que dialogavam entre si, fazendo com que este não fosse mais limitado entre o herói e o coro, mas também entre as personagens em cena.
No primeiro volume da Arte Poética, Aristóteles formula as regras básicas para a arte teatral: a peça deve respeitar as unidades de tempo(a trama deve desenvolver-se no período de um dia), de lugar (um só cenário) e de ação (uma só história). Os concursos aconteciam durante três festivais que eram organizados anualmente ao deus Dionísio. Eram eles: 1.As Dionísias Urbanas-celebradas na primavera; 2. Leneanas-tinham um caráter mais local. Celebrava-se no inverno;3.Dionísias Rurais- celebravam-se apenas nos "demos" (povoados) em fins de dezembro. Foram as mais antigas festas de Dionísio.
No final dos concursos dramáticos, realizava-se o julgamento e, em seguida, dava-se o resultado da classificação final. As categorias premiadas eram três: poetas, coregos e protagonistas.

Aula-Entrevista com o personagem

Em cima da Gênese foi efetuada uma entrevista com os personagens. Como se fosse uma coletiva, todos ficavam de frente para o entrevistado e faziam todas as perguntas. Com esta dinâmica, facilitou verificar a personalidade de cada um dos personagens, montada por cada um dos alunos.




Entrevistadores







Samanta/Patrícia



Rafaelle/Rosana



Luana/Kauany



Isadora/Yasmin



Bruno/Luciano




Jéssica/Gisele


Gabriel/Diego

domingo, 24 de março de 2013

Aula - Gênese do personagem

Foi proposto em aula que cada um fizesse uma Gênese. A Gênese no teatro tem o objetivo de estabelecer uma visão mais ampla do personagem. É fundamental que seja traçado o perfil psicológico, pois nem sempre estará completo na descrição do mesmo. Então é importante ressaltar desde o nascimento até o momento em que for entrar em cena, detalhadamente e coerentemente. A Gênese dará ao ator uma amplitude para se trabalhar melhor seu personagem.

Segue um exemplo da Gênese de um dos personagens da peça que será realizada:


Meu nome é Rafaelle Domingues, tenho 23 anos. Nasci no dia 19 de janeiro de 1990, sou de capricórnio. E meu sonho é ser uma grande atriz. Como minha mãe sempre disse, tenho um dom para isso. Cresci nesse mundo da arte e sempre me interessei por música. Toco piano, gaita e violão. Mamãe é artista plástica e tem sua própria galeria de artes. Moramos no bairro de Perdizes em São Paulo. Somos só nós duas desde que tinha 3 anos de idade apenas. Meu pai simplesmente foi embora com a nossa vizinha Edilene e nunca mais nos deu notícias. Minha mãe ficou arrasada, mas como sempre foi forte aceitou bem a situação e nunca deixou que eu sentisse raiva de meu pai. Mas ao contrário disso, me revoltei com tamanha cafajestagem. Nunca aceitarei o fato de minha mãe, uma mulher inteligente e altruísta ter sido simplesmente deixada. E eu? Como fico na história? Fui fruto do amor dos dois e aqui estou eu, sem uma figura paterna.

Por isso que no decorrer dos anos me tornei uma mulher que odeia injustiças. Acredito sim, na bondade das pessoas, porém para confiar nelas preciso de uma certa prova de lealdade. Geralmente sou bem extrovertida e faço piadinhas irônicas a todo o tempo. Talvez para esconder esse meu lado “revoltado” pela ida de meu pai. Homens? As criaturas da Terra que nunca irei confiar. O único do sexo masculino que confio plenamente é o Bob, meu cachorro.

Quero mudar o mundo e abrir os olhos de todas as mulheres, que ao contrário de minha mãe perdem o chão com a perda do namorado ou marido. Talvez eu seja um pouco feminista... Mas não tive escolha. Mas me apaixonei uma vez, de verdade, e então fugindo de tais sentimentos terminei com Pedro, que sempre demonstrou gostar muito de mim. Não estava em meus planos ser mais uma daquelas adolescentes que se entrega ao 1° amor e simplesmente se esquecem que a realidade é outra. Não um romance de Nicholas Sparks. Nunca me imaginei escrevendo cartas para o “Querido John”... Sempre achei muita babaquice. Nada contra aos apaixonados de plantão, mas não é do meu feitio.  Sempre preferi livros e filmes de suspense e terror, de preferência com muito sangue.

Minha melhor amiga Rina, disse que eu tenho um sério problema de auto aceitação. Ela diz que eu interrompo o fluxo natural das coisas. E escondo meus verdadeiros sentimentos por simples medo de me magoar. Vindo de uma futura psicóloga, talvez ela esteja mesmo certa. Desde que éramos crianças sempre fora a coerente. Enquanto eu pegava as telas da minha mãe e jogava tintas e tintas me achando a Michelangelo do momento, ela fazia desenhos de casinha e sonhava com o príncipe no cavalo branco.

Certo, confesso que tenho meus medos. Medo de me apaixonar loucamente e acabar como minha mãe. Medo de confiar em alguém e de repente ser punhalada pelas costas. Medo de ficar sozinha por pensar que ninguém possa estar à minha altura.

Mas eu sou feliz assim e muitas pessoas gostam de mim desse jeito. Por esse temperamento explosivo e espontâneo. O modo de me expressar e não esconder o que penso das pessoas doa a quem doer.