domingo, 24 de março de 2013

Aula - Gênese do personagem

Foi proposto em aula que cada um fizesse uma Gênese. A Gênese no teatro tem o objetivo de estabelecer uma visão mais ampla do personagem. É fundamental que seja traçado o perfil psicológico, pois nem sempre estará completo na descrição do mesmo. Então é importante ressaltar desde o nascimento até o momento em que for entrar em cena, detalhadamente e coerentemente. A Gênese dará ao ator uma amplitude para se trabalhar melhor seu personagem.

Segue um exemplo da Gênese de um dos personagens da peça que será realizada:


Meu nome é Rafaelle Domingues, tenho 23 anos. Nasci no dia 19 de janeiro de 1990, sou de capricórnio. E meu sonho é ser uma grande atriz. Como minha mãe sempre disse, tenho um dom para isso. Cresci nesse mundo da arte e sempre me interessei por música. Toco piano, gaita e violão. Mamãe é artista plástica e tem sua própria galeria de artes. Moramos no bairro de Perdizes em São Paulo. Somos só nós duas desde que tinha 3 anos de idade apenas. Meu pai simplesmente foi embora com a nossa vizinha Edilene e nunca mais nos deu notícias. Minha mãe ficou arrasada, mas como sempre foi forte aceitou bem a situação e nunca deixou que eu sentisse raiva de meu pai. Mas ao contrário disso, me revoltei com tamanha cafajestagem. Nunca aceitarei o fato de minha mãe, uma mulher inteligente e altruísta ter sido simplesmente deixada. E eu? Como fico na história? Fui fruto do amor dos dois e aqui estou eu, sem uma figura paterna.

Por isso que no decorrer dos anos me tornei uma mulher que odeia injustiças. Acredito sim, na bondade das pessoas, porém para confiar nelas preciso de uma certa prova de lealdade. Geralmente sou bem extrovertida e faço piadinhas irônicas a todo o tempo. Talvez para esconder esse meu lado “revoltado” pela ida de meu pai. Homens? As criaturas da Terra que nunca irei confiar. O único do sexo masculino que confio plenamente é o Bob, meu cachorro.

Quero mudar o mundo e abrir os olhos de todas as mulheres, que ao contrário de minha mãe perdem o chão com a perda do namorado ou marido. Talvez eu seja um pouco feminista... Mas não tive escolha. Mas me apaixonei uma vez, de verdade, e então fugindo de tais sentimentos terminei com Pedro, que sempre demonstrou gostar muito de mim. Não estava em meus planos ser mais uma daquelas adolescentes que se entrega ao 1° amor e simplesmente se esquecem que a realidade é outra. Não um romance de Nicholas Sparks. Nunca me imaginei escrevendo cartas para o “Querido John”... Sempre achei muita babaquice. Nada contra aos apaixonados de plantão, mas não é do meu feitio.  Sempre preferi livros e filmes de suspense e terror, de preferência com muito sangue.

Minha melhor amiga Rina, disse que eu tenho um sério problema de auto aceitação. Ela diz que eu interrompo o fluxo natural das coisas. E escondo meus verdadeiros sentimentos por simples medo de me magoar. Vindo de uma futura psicóloga, talvez ela esteja mesmo certa. Desde que éramos crianças sempre fora a coerente. Enquanto eu pegava as telas da minha mãe e jogava tintas e tintas me achando a Michelangelo do momento, ela fazia desenhos de casinha e sonhava com o príncipe no cavalo branco.

Certo, confesso que tenho meus medos. Medo de me apaixonar loucamente e acabar como minha mãe. Medo de confiar em alguém e de repente ser punhalada pelas costas. Medo de ficar sozinha por pensar que ninguém possa estar à minha altura.

Mas eu sou feliz assim e muitas pessoas gostam de mim desse jeito. Por esse temperamento explosivo e espontâneo. O modo de me expressar e não esconder o que penso das pessoas doa a quem doer.

           

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